O Masculino e Seu Processo de Cura

Acredito que o primeiro passo no processo de autoconhecimento é refletir sobre o que significa ser masculino Quando falamos de masculinidade a primeira imagem que surge é a do homem O masculino é frequentemente associado ao gênero masculino enquanto uma…

Acredito que o primeiro passo no processo de autoconhecimento é refletir sobre o que significa ser masculino. Quando falamos de masculinidade, a primeira imagem que surge é a do homem. O masculino é frequentemente associado ao gênero masculino, enquanto uma mulher com características consideradas masculinas é vista como “masculinizada”. Da mesma forma, um homem com traços mais delicados ou emocionais é rotulado como “afeminado”.

No entanto, percebemos que o masculino e o feminino não são papéis inerentes ao homem ou à mulher, mas sim energias presentes em cada indivíduo. Na filosofia oriental, o masculino está ligado ao lado esquerdo do cérebro, representando a razão, a lógica e a ação. Já o feminino está associado ao lado direito, simbolizando a intuição, a emoção e a criatividade. Todos carregamos essas duas forças dentro de nós, e adoecemos quando elas estão em desequilíbrio — quando uma é mais alimentada que a outra.

Após o retiro Cura e Chakras, passei a semana inteira refletindo sobre como poderia trazer algo significativo para vocês que participaram. Prometi que iríamos trabalhar o masculino, e meditei profundamente, buscando uma técnica ou insight que pudesse guiar esse processo. Mas, confesso, nada disso aconteceu. Pelo contrário, a única vontade que tive foi de não fazer nada — apenas descansar e dormir. No início, fiquei angustiada, pois queria planejar conteúdos, meditar e me conectar com vocês.

Então, decidi respeitar as energias que surgiram. Desliguei a mente, saí do mental e permiti que meu corpo passasse por essas transformações. Afinal, não tenho todas as respostas, e abrir mão do controle foi a melhor escolha. Deixei as coisas fluírem.

Muita coisa aconteceu essa semana — situações que estão além do meu controle. Problemas profundos de pessoas próximas, que em outro momento teriam me abalado, hoje me mostram que cada um é responsável por suas próprias criações. O que posso fazer, além de orar e orientar, é aceitar que nem sempre as pessoas seguirão os caminhos que indico. Cada um vive a vida que lhe cabe, e carregar a dor do outro é, muitas vezes, um ato de egoísmo, pois tiramos deles a responsabilidade de se curarem.

No início, me senti egoísta por não agir como sempre fiz — por não tentar resolver tudo da maneira que considero certa. Mas percebi que há momentos em que nada disso adianta. Quando enfrentei meu masculino de frente, ele simplesmente não reagiu. Ficou estático, como se dissesse: “Isso não é meu.”

Refletindo sobre o masculino na filosofia tântrica, ele é representado por Shiva, o Deus da Destruição. Mas Shiva não destrói por destruir; ele é uma energia estática, analítica e racional. Antes de qualquer decisão ou batalha, Shiva se recolhe nas montanhas, medita por anos e só então age com clareza.

Essa semana ficou claro para mim: nosso masculino precisa de cura porque vivemos em um mundo onde parar é sinônimo de fraqueza, perda de tempo ou dinheiro. Não permitimos que ele se manifeste, pois o forçamos a tomar decisões constantemente, em um ritmo frenético de criação e ação.

 Isso o adoece.

A energia feminina é movimento, ação e criação. Ela precisa estar em constante mudança. Mas, para que haja uma criação progressiva, o masculino e o feminino devem se unir em um lugar não dual. Se estamos sempre em movimento, sobrecarregamos o feminino e suprimimos o masculino, que precisa de clareza e direção para agir. Sem pausas para refletir, analisar e questionar, o masculino adoece — manifestando sua força de forma ignorante e desequilibrada, muitas vezes através do poder excessivo ou da repressão emocional.

No Tantra, enquanto nos vermos como duas polaridades separadas, viveremos em um eterno dilema, buscando uma cura que, na verdade, não existe. A cura não está em corrigir algo que está “quebrado” dentro de nós, mas em reconhecer que já somos completos. Às vezes, apenas usamos em excesso uma das manifestações do ser. O convite do Tantra é parar, refletir e meditar no seu Ser real, onde tudo é puro, infinito e cheio de possibilidades.

Quando adoecemos, é porque nos desconectamos dessa fonte. O caminho de volta é a reconexão com a essência, onde o masculino e o feminino são simplesmente uma coisa só.

Mas, para não transformar isso em um podcast infinito, farei mais áudios explicando como reconhecer o masculino ferido e trabalhar sua aceitação. A verdade é que, para curar o masculino, precisamos simplesmente PARAR.

Parar de agir.
Parar de achar que temos que fazer algo.
Parar de acreditar que temos controle.
Parar de querer fazer tudo ao mesmo tempo.
Parar para observar a vida passar e como passamos por ela.

A materialização da vida pode acontecer de um lugar de harmonia, quando reconhecemos as forças inerentes ao espírito.

Namastê.

Wal Nunes

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